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História da Raça Tabapuã

 

A raça Tabapuã foi a primeira raça de zebu mocho formada no Brasil. É basicamente constituída de animais da raça Nelore, Guzerá e traços de sangue Gir. O fator mocho vem do gado nacional, descendente de bovinos de origem européia (SANTIAGO, 1986).

 

O gado TABAPUÃ tem uma origem tropical. Antonio da Silva Neves escrevia em 1912 que o "gado mocho foi introduzido pelos colonizadores, dando origem ao gado mocho do sertão, onde foi outrora numeroso. Dali irradiou-se para o sudoeste, originando a raças mochas de Araxá e de Goiás. O gado mocho era precoce, vigoroso, fecundo, de aptidão criatófora inexcedível". 

 

A história do TABAPUÃ começa em 1907, quando José Gomes Louza da região de Leopoldo Bulhões - Goiás, adquiriu vários reprodutores indianos da importação incentivada por João Pinheiro. Três desses animais foram parar nas mãos dos Irmãos Salviano e Gabriel Guimarães, criadores de gado Mocho Nacional, em Planaltina, hoje cidade satélite de Brasília - Distrito Federal. Ali teriam surgido os primeiros zebuínos mochos da história. Naquela época, ninguém se interessava por um gado mocho para corte, pois as grandes boiadas não eram adequadas para esse tipo de gado. O gado mocho de então era de dupla aptidão, não sendo obrigado a realizar longas marchas.

 

Em 1912, vários produtos mochos, dos Irmãos Guimarães estiveram presentes na Feira da cidade de Goiás, já com fortes traços de zebuíno. É que consta na revista "Informações Goianas" da época. Por volta de 1933, Lindolfo Louza, filho de José Gomes, adquiriu dos Irmãos Guimarães, dois touros.

 

A importação de Ravísio Lemos, em 1930, despertou nos brasileiros um sentimento de retorno às raças puras indianas que iria permanecer até 1945. Nesse momento não era propício obter produtos mochos, pois o que realmente tinha valor no mercado eram os produtos de raça pura! touros e 21 vacas mochas, passando mais tarde esse gado para seu filho, Lourival Louza, que se dedicou exclusivamente a um cruzamento com o Nelore. Esse trabalho realizado na Fazenda Gameleira, ganhou algum destaque na região, justamente por apresentar apenas um gado anelorado mocho, mais conhecido como "gado baio mocho".

 

Em 1940, Francisco lnácio introduziu sangue Gir no gado e já era comum encontrar animais mochos nas boiadas que partiam de Goiás para São Paulo. Era um gado baio, ou amarelado, às vezes avermelhado. Uma dessas boiadas levava um bom gado mocho, de ótima conformação para corte, para a Fazenda S. José dos Dourados, do Sr. Júlio do Valle. É o que confirma o capataz Cardoso, da fazenda de Francisco lnácio, na época. Esse gado foi mantido ao lado do anelorado do Sr. Júlio. 

 

Em 1941 D. Izabel Lerro Ortenblad esposa do Dr. Alberto Ortenblad, da Fazenda Água Milagrosa, Tabapuã - SP foi presenteada pelo Sr. Júlio com um garrote mocho, batizado de T-0. Em seguida o Dr. Alberto separou 100 matrizes para começar o trabalho sob rigoroso planejamento zootécnico. Cinco anos depois, ele já havia produzido 89 filhos, dos quais oitenta eram mochos e nove com chifres rudimentares. Começava aí a história de sucessos do TABAPUÃ. O Brasil iria formar uma raça! 

 

O TABAPUÃ, portanto, é originário do gado baio nacional mocho que, por sua vez, é oriundo do cruzamento do Mocho Nacional com um gado anelorado ou com o próprio Nelore. No futuro, também seria a presença de sangue Guzerá, em outras linhagens.

 

O TABAPUÃ foi a terceira raça neozebuína a ser formada no mundo (antes houve o Brahman norte-americano e o Indubrasil), mas foi a primeira fundamentada nos preceitos de rigoroso planejamento zootécnico. É uma raça que nasceu para dar certo...

 

Por que Tabapuã?

Genética - Os resultados econômicos de um gado estão diretamente relacionados com sua prepotência genética. Por isso todos dizem: “gado bom tem que ser raçador", isto é, tem que transmitir suas virtudes.

 

O TABAPUÃ, desde o início, manteve uma alta taxa de "inbreeding" que é o processo de extirpar os defeitos e consolidar somente as virtudes em diversas gerações consecutivas. É duro de ser praticado, mas vale a pena. Hoje, o Tabapuã é conhecido por sua notável homogeneidade morfológica bem como racial. É a maior conquista zootécnica realizada no Brasil, nos últimos 100 anos, tendo merecido aceitação e aplausos pela comunidade científica do mundo inteiro.

 

Versatilidade Genética - Boa raça é aquela que leva soluções para as mais diversas situações, por meio de famílias ou linhagens diferentes cientificamente consolidadas.

 

O TABAPUÃ, por ter sido plasmado para sair vitorioso nas diferentes condições geoclimáticas das regiões tropical e temperada, com sangue de extremada rusticidade do gado do deserto (Guzerá) e também com sangue de grande precocidade e vitalidade do gado do norte da Índia (Nelore) - é a maior garantia de sucesso entre todas as raças tropicais.

 

Campeão na Balança, de fato - O Brasil já realizou inúmeras Provas de Ganho de Peso, em Uberaba; muitos concursos de bois gordos e já testou mais de 5 milhões de animais no Controle de Desenvolvimento Ponderal. Em todas essas provas, a presença do TABAPUÃ é marcante. Contra a balança não existem argumentos....

 

Um Brahman bem brasileiro - Os norte-americanos fizeram a raça Brahman, mas, por terem as limitações do inverno, das nevascas e das condições estressantes do Hemisfério Norte, estão agora infundindo sangue brasileiro do Nelore e do Guzerá para corrigir o gado. Realmente, o Hemisfério Norte molda animais com baixa taxa de hemoglobina e elevada geração de calor orgânico enquanto que, nos trópicos, os animais apresentam alta taxa de hemoglobina e baixa geração de calor orgânico. Ninguém pode mudar a Natureza em sua sabedoria! Os Norte-americanos, portanto, procuram chegar agora à posição que o TABAPUÃ já chegou há muito tempo. Ele é o legítimo, “Brahman tropical", ou "neozebuíno", cientificamente plasmado e vitorioso.

 

Olho na Ciência - O TABAPUÃ é um gado de excelente conformação para corte, notável aptidão maternal, docilidade e seletividade. Dentro dos preceitos científicos, já vem selecionando linhagens de baixo teor de gordura intersticial e elevada maciez de carne. O TABAPUÃ, portanto, está na vanguarda da Ciência Zootécnica.

 

(Parte do texto foi extraído do livro "Tabapuã a Raça Brasileira" da ABCT, 1993).

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